Esta é uma pequena série de textos
mostrando uma alternativa ao ponto de vista consensual sobre o êxodo
do Egito, o Egito nessa época e a formação da religião judaica
que por sua vez deu origem ao cristianismo e ao islamismo. Os textos
serão divididos em duas partes. A primeira parte será dividida em
quatro partes menores.
Estes textos são
uma espécie de resumo, trechos retirados do livro “TUTANCÂMON a
verdade por trás do maior mistério da arqueologia” (título
original: Mercy), de Andrew Collins e Chris Ogilvie-Herald, Editora
Landscape, 2004. o livro é muito mais abrangente e detalhado do que
mostrado aqui, com inúmeras referências e pontos de vista
alternativos sobre os temas abordados. Nesse resumo suprimi as
referências e adotei os pontos de vista escolhidos como mais
prováveis e necessários para o desenvolvimento do raciocínio dos
autores. Quaisquer dúvidas ou pedido de referências, podem comentar
que responderei.
Estes textos,
obviamente, estão muito aquém do original, no entanto, conseguem
mostrar satisfatoriamente que o que sabemos talvez não seja
exatamente da forma que pensamos ser. Para todos que se interessam
pelo Egito, religiões, História e pela incessante busca pela
verdade.
Parte I d:
Castigo dos deuses: As pragas do Egito:
O Povo Impuro
Outras obras de diferentes escritores do período
helenístico posterior também contêm variações da forma egípcia
de vida de Moisés conforme relatada por Manetho. O gramático latino
Pompeu Trogo, em sua Historicae Philippicae, diz que Moisés
não era egípcio, mas filho de José, muito embora o culto que ele
tenha instituído em Jerusalém seja descrito como “sacra
Aegyptia”. Depois de terem roubado os tesouros sagrados dos templos
egípcios, Moisés e seus seguidores saíram do Egito, com o exército
do faraó no seu encalço. Porém, os egípcios foram obrigados a
voltar devido a tempestades terríveis. Entretanto, o motivo para o
êxodo do Egito é uma vez mais uma epidemia, que nessa ocasião se
descreve com maiores detalhes:
Mas quando os egípcios
foram expostos à sarna e à uma infecção de pele, e alertados por
um oráculo, expulsaram [Moisés] juntamente com os doentes para além
das fronteiras do Egito, para que a doença não se espalhasse para
um número maior de pessoas[...] E como ele se lembrasse de que
haviam sido expulsos do Egito devido ao medo do contágio, trataram
de não conviver com estranhos, para não se tornarem odiados pelos
nativos das terras por onde andavam pelo mesmo motivo. Essa regra,
que surgiu de uma causa específica, ele transformou gradativamente
em um costume e uma religião estabelecida.
Scota, A Filha do Faraó
De acordo com Rober Grosseteste, (por volta de
1175-1253),
No passado distante,
Scota, a filha do faraó, abandonou o Egito com o marido Gayel e um
séquito numeroso. Eles tinham ouvido falar das desgraças que
ocorreriam no Egito, e seguindo instruções ou oráculos dos deuses,
fugiram de certas pestes que deviam se desencadear. Depois de navegar
dessa forma pelos mares durante muitos dias, bastante transtornados,
finalmente conseguiram aportar em certa praia devido ao mau tempo.
Essa praia era a Espanha, onde Gaythelos e Scota
construíram uma cidadela chamada Brigância, às margens do rio
Ebro, no meio da qual se via uma enorme torre cercada por profundos
fossos. Uma geração ou pouco mais depois, dois filhos de Scota,
Hiber e Himec, partiram para Hibérnia, ou seja, a Irlanda. Os
habitantes que encontraram lá foram mortos ou escravizados, e depois
deram ao lugar o nome de Scota em homenagem à mãe. Curiosamente,
dizem que Scota trouxe consigo do Egito o “sedile regium”,
a Pedra Scone, usada nas coroações reais, que Eduardo I levou para
Londres (e devolveu em 1996 ao Castelo de Edimburgo, onde está até
hoje). De referências como essa, podemos ter certeza de que a
história não é apenas invenção medieval, mas uma lenda muito
mais antiga, baseada em alguma espécie de reminiscência histórica
distorcida de eventos reais.
Um País Amaldiçoado
Pode-se encontrar indícios importantes da
presença da peste em várias das centenas de cartas de Amarna
escritas por reis vassalos de Amenófis III, Aquenaton e Smenkhkare
durante seus reinados. Um tablete desses parece insinuar que a rainha Tiye, a própria mãe de Aquenaton, foi vítima da peste também. É
possível que o relato no livro do Êxodo sobre a morte do
primogênito de todos os egípcios na noite da Páscoa, imediatamente
depois do êxodo, tenha sido de certa maneira influenciado por essa
peste bastante real, que estava dizimando o Egito e o Oriente Próximo
na época. Teria o povo egípcio durante a era de Amarna chegado a
crer que a peste era alguma espécie de retribuição divina, causada
pelo fato de que os deuses depostos do velho panteão não estavam
sendo aplacados por oferendas e sacrifícios adequados? Não teria
alguém insinuado que, para aplacar os deuses furiosos, todos os
sacerdotes “impuros” e seguidores de Aton, bem como os colonos
asiáticos ou “estrangeiros”, que deviam estar espalhando a
doença, fossem reunidos e presos ou expulsos do Egito? Desconfiando
do que podia ocorrer, não teriam muitas dessas pessoas, tanto
egípcias quanto de origem asiáticas, resolvido sair do Egito, por
sua própria vontade, fugindo para a Síria -Palestina, onde
finalmente se integraram com os povos nativos? Será que depois
uniram-se a eles os que conseguiram fugir de Sile, a moderna Qantara,
fortaleza situada na fronteira entre o Delta Oriental e o Sinai, onde
criminosos e inimigos do rei ficaram escravizados durante o reinado
de Horemheb? Ele pode ser identificado como Orus, ou Or, na história
que Manetho conta sobre Osarsiph-Moisés, e é provável que tenha
sido o responsável por pelo menos alguns dos atos atribuídos a
Amenófis na narrativa do êxodo.
Em outras palavras, pelo menos uma porcentagem
dos eventos que Manetho descreve realmente ocorreu durante o reinado
de Horemheb, e não durante o de seu antecessor Amenhotep III, ou
Amenófis III. Isso fez dele a mais provável opção como o
verdadeiro Faraó do Êxodo (que até mesmo faz lembrar o da
opressão), que começou mais provavelmente vários anos antes,
quando ele se tornou comandante do exército egípcio no início do
reinado de Tutancâmon.
Seriam essas as verdadeiras raízes do êxodo?
Tudo leva a essa extraordinária conclusão. Precisamos agora
ultrapassar as fronteiras do Egito e penetrar no deserto do Sinai em
busca do itinerário seguido pelo povo do Êxodo, e buscar as origens
de Yahweh, o deus dos israelitas.
Parte I c: O messias egípcio; e o fim do faraó monoteísta
Parte II a: As primeiras tribos adoradoras de “Deus”
Parte I c: O messias egípcio; e o fim do faraó monoteísta
Parte II a: As primeiras tribos adoradoras de “Deus”
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