domingo, 22 de maio de 2011

Planos? Não, mesmo!

    Desço do taxi e olho ao redor. Ele está lá, entre algumas pessoas. Há muitas outras por perto, algumas muito estranhas. Legal... Um lugar estranho cheio de gente estranha. Mas ele está aqui. E tem bebida. Tudo bem então. Perfeito! Não precisa muito mais.
    Aproximo-me, mas não tenho certeza de como cumprimentá-lo. Ele também não parece ter muita certeza. Eu e o Billy não nos conhecemos há muito tempo e saímos três vezes apenas. Damos um beijo no canto da boca. Sou apresentada a algumas pessoas.
    - O que você quer beber?
    - Tanto faz. O que vocês estiverem tomando.
    - Cerveja. Mas eu vou pegar outra coisa. Vodka com refrigerante sabor citrus?
    - Ah, não sei, tanto faz. Pode ser cerveja mesmo.
    - Não. Espere aí que vou pegar pra você.
    Ele sabe que não sou muito fã de cerveja. Ele vai até o balcão enquanto converso um pouco com seus amigos. Nada de mais, conversa trivial. Acho que não querem que eu me sinta muito deslocada. Ele volta com o copo. Bebo. Bebo rápido.
    - Tá bom? Não tá muito forte?
    - Não. Tá bom assim.
    O copo acaba rápido. Acho que estou um pouco nervosa. Ele volta com mais meio copo de vodka pra ser misturado com o refrigerante. Esse também acaba rápido.
    -É, você tava com sede einh rs. Vou pegar mais um. E um só pra mim rs.
    -Eu vou lá com você.
    Vamos ao balcão do bar. Eu peço uma dose de rum sabor maçã. Ele pede mais uma de vodka. O garçom pergunta:
    Bastante gelo?
    - Ele responde:
    - Bastante vodka rs
    - A quantidade de vodka vai ser a mesma
    Ele pergunta ao dono do bar:
    - Não dá pra substituir o gelo por vodka?
    O cara apenas ri. Eu digo:
    - É, não custa perguntar né?rs
    Bebemos, conversamos, nos beijamos. Estou bem alegre. Passo minha mão entre as pernas dele, e ele entre as minhas. Ele fica excitado. As pessoas continuam a nossa volta, mas ninguém parece ligar muito para o que acontece por ali. Pegamos mais uma dose cada um, ou duas. Não tenho certeza. Chega um momento que fica difícil lembrar certos detalhes.
    - Você tá bebendo muito rápido. Vai passar mal.
    - Não. Eu to bem.
    Não estou bem. As coisas já estão girando. Eu me sento na muretinha ao nosso lado. Fico agachada, com a cabeça entre meus joelhos.
    - Tá. Então eu vo no banheiro.
    Ele sai e diz para o amigo dele:
    - Vo no banheiro. Cuida dela. Não deixa ela cair no chão rs.
    Olho para o chão. O chão parece olhar para mim, me chamar. Vomito. Sujo um pouco minha bota.
    Billy volta do banheiro:
    - Oh... Você passou mal rs. Eu disse que você tava bebendo muito rápido. Você tá tentando limpar sua bota com esse guardanapo? Não tá dando muito certo rs. Da onde você arrumou isso?
    - Não sei. Alguém me deu rs.
    Billy senta ao meu lado e fica ali abraçado comigo. Continua bebendo. Conversa um pouco com alguns amigos. Não tenho idéia de quanto tempo passou, mas fico um pouquinho melhor. Não muito, mas o suficiente para acariciá-lo por baixo da sua jaqueta e provocá-lo.
    - Ah, como você é malvada Luana! Sabe que daqui a pouco eu tenho que ir embora rs.
    - Então ta. Aí vamos embora. Cada um pra sua casa rs.
    Mas eu não paro. Estou mal, mas ainda consigo me divertir um pouco.
    - Nossa! Ou você confia muito em mim, ou não se importa muito com coisa alguma. – silêncio – Hum, acho que é a segunda opção mesmo rs. Tá tarde. Preciso ir embora. O que você quer?
    - Ir pra casa
    - Então levanta que eu te levo até o taxi.
    - Não. Espera mais um pouco.
    - Você não prefere ir pra um hotel comigo? Aí você dorme um pouco e quando estiver melhor você vai.
    - Não. Quero i pra casa.
    - Certeza?
    - Não rs.
    - Vem. Vamos pegar um taxi e vamos pro hotel.
    Atravessamos a rua pra chegar ao ponto de taxis. Fui literalmente escorada nele, andando um pouco em ziguezague, porque definitivamente, sóbrio ele também não estava. Ele diz que vai tentar convencer um taxista a me levar, e que ia me apresentar como sua namorada, pra facilitar a conversa.
    - Oi. Minha namorada não tá muito bem. Você podia levar...
    -Não!
     - Mas é aqui pertinho. Ela não ta conseguindo andar direito.
    - Nesse estado não tem como. Se ela vomitar no carro eu não posso mais trabalhar o resto da noite. Tenta com algum outro aí.
    O quarto taxista com quem o Billy conversou parece um pouco disposto a pensar na possibilidade de nos levar.
    - Por que os outros não quiseram levar ela?
    - Eles tão com medo que ela passe mal no carro. Mas ela não vai não. Só não tá muito bem.
    Nisso, ele aponta pra mim. Eu estou em pé, mas com a cabeça agachada entre os joelhos, o cabelo tocando o chão, e balançando um pouco para os lados. A imagem não devia passar exatamente a imagem que o Billy estava tentando passar para o taxista.
    - Luana! De pé! Vai! Cara de boa!rs
    Fico com o corpo ereto, tiro o cabelo do rosto e olho pra frente, pro vazio. O Billy olha pro taxista esperando sua aprovação. Parece um vendedor tentando convencer o cliente de que a mercadoria é confiável. Tanto é que ainda resolveu dar garantia:
    - Olha, é aqui pertinho e eu coloco a blusa dela e a minha jaqueta em volta. Não precisa se preocupar, porque ela não vai vomitar. Se por um acaso acontecer, não vai sujar em nada o carro. Mas ela vai ficar bem sim. Sério mesmo. Né Luana?
    Eu balanço a cabeça afirmativamente. Entramos no taxi. Coloco minha blusa sobre a boca. As janelas do carro estão bem abertas. O percurso não demora 5 minutos. Mas em momentos como esse, como demora. O tempo parece que pára. Parece que não chegamos nunca. Mas chegamos.
    - Viu? Falei que ía dá tudo certo. Ela nem passou mal.
    - É. Eu arrisquei né?
    O taxista vai embora e entramos no hotel. No balcão:
    - Estamos lotados. Tem que aguardar.
    - Quanto tempo?
    - Ah, uma meia hora mais ou menos.
    Vamos para a sala de espera. Tem mais um casal lá. Enquanto esperamos chegam mais três casais. É algo de certa forma constrangedor. Não muito. Mas você, ao lado de várias pessoas, todas esperando liberar um quarto pra que possam fazer sexo, e todas sabendo que estão ali só pra isso, não é uma situação totalmente confortável. Como as pessoas sabiam? Porque era o tipo de hotel que as pessoas vão pra isso, mas não chegava a ser um motel.
    - Ela ta embriagada? Ou só com sono?
    -Hum... Sono.
    - Certeza?
    - É sono
    - Ela não parece muito bem.
    - Tá cansada. É sono sim.
    - Vo precisar do r.g. dela.
    - Cadê teu r.g.?
    - Tá aí na minha bolsa.
    - Mas onde na bolsa.
    - Não sei.
    Eu não sabia de mais nada mesmo. E não fazia a mínima questão de saber. Queria apenas um canto para desmaiar. Ele revira a bolsa. Encontra meu estojo de maquiagem, brincos, preservativos, muitos preservativos, e depois de uns 10 minutos de muita busca, encontra minha carteira. Eu pego a carteira da mão dele e entrego o r.g.
    - Agora que eu achei a carteira não precisava mais de ajuda rs.
    Ele vai ao balcão fazer o check in.
    - Eu preciso do documento dela porque ela não parece muito bem. Uma vez veio um casal aqui, e tiveram que chamar uma ambulância porque a menina passou muito mal. A família dela não sabia do rapaz, não sabia que ela tava aqui. Foi o maior rolo. Aí agente precisa garantir que tá tudo certo.
    Pegamos o elevador. Chegamos ao quarto. Desabo sobre a cama. Ele tira a roupa e deita sobre mim. Tira minha roupa.
    -Nossa! Como você melhorou de repente!
    -Aham!
    Melhorei mesmo. Na verdade, acho que nunca estou ruim pra isso.
    Depois de algum tempo dormimos. Ele se meche um pouco durante a noite, poucas vezes, mas a cada vez meu corpo parece ganhar vida, um sonambulismo sexual. E digo só o corpo mesmo, porque minha consciência estava a anos-luz de distância. Ele se meche novamente e dessa vez acordo. Começo a me empolgar e o puxo pra cima de mim. Fazemos sexo de novo. Olho no relógio: 06h40min.
- Puta que o pariu! Tá certo isso?!
- Acho que tá. Meu celular tá despertando.
Eu não posso chegar em casa tarde - ou no caso cedo- assim. O mais tarde que costumo chegar é umas 2h da manha.
    - To fudida!
    - Sim huahuahuahuahua. Isso nunca aconteceu antes?
    - Não.
    - Hum, eu costumo ouvir bastante isso. Estranho rs.
    Descemos e chamo um taxi. O taxi demora uns 10min. Nesse tempo, Billy me conta sobre detalhes da noite anterior que eu não lembrava completamente. O taxi chega, nos despedimos e vou pra casa. Penso: “por favor! tem que dar tempo de eu chegar em casa antes que alguém acorde”. O taxi pára, saio, olho pra casa e a janela se abre:
    - Nossa! Acordou cedo pra ir comprar pão?
    Pois é... Quase deu certo rs. Nada como uma noite com muita bebida e sexo seguida de um pouco de adrenalina pela manhã pra começar bem o dia.

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