quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Planície de Narcisos

A casca reluzente, de verde viçoso, que cobre a tez
Mostra-se fortificada, como quem alheio a tudo
Passa correndo pelo mundo, cego e mudo,
E estagna, distorcida renascentista estátua e sua palidez

O sorriso buscado: expressão máxima de contentamento
O olhar rebuscado que mal esconde as pupilas congeladas
Febris e vidradas. Nesse castelo de cartas rotas, bem gastas
Que sustentam o vazio e pesado interior: não-vivendo; não-morendo

Cedo ou tarde a parede de verde vidro racha
Vaza aos poucos o cinza incandescente e apático
Que gotejando lento, queima e, as cartas rasga

E esse vazio escondido nesse clichê dramático
Essse monstrengo torto de inteligência parca
Observa de seu trono, de retahos, letárgico

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