terça-feira, 22 de outubro de 2013

Egito, Êxodo e Deus: Parte I d: Castigo dos deuses: As pragas do Egito

  Esta é uma pequena série de textos mostrando uma alternativa ao ponto de vista consensual sobre o êxodo do Egito, o Egito nessa época e a formação da religião judaica que por sua vez deu origem ao cristianismo e ao islamismo. Os textos serão divididos em duas partes. A primeira parte será dividida em quatro partes menores.
  Estes textos são uma espécie de resumo, trechos retirados do livro “TUTANCÂMON a verdade por trás do maior mistério da arqueologia” (título original: Mercy), de Andrew Collins e Chris Ogilvie-Herald, Editora Landscape, 2004. o livro é muito mais abrangente e detalhado do que mostrado aqui, com inúmeras referências e pontos de vista alternativos sobre os temas abordados. Nesse resumo suprimi as referências e adotei os pontos de vista escolhidos como mais prováveis e necessários para o desenvolvimento do raciocínio dos autores. Quaisquer dúvidas ou pedido de referências, podem comentar que responderei.
  Estes textos, obviamente, estão muito aquém do original, no entanto, conseguem mostrar satisfatoriamente que o que sabemos talvez não seja exatamente da forma que pensamos ser. Para todos que se interessam pelo Egito, religiões, História e pela incessante busca pela verdade.

  Parte I d: Castigo dos deuses: As pragas do Egito:

 O Povo Impuro


 Outras obras de diferentes escritores do período helenístico posterior também contêm variações da forma egípcia de vida de Moisés conforme relatada por Manetho. O gramático latino Pompeu Trogo, em sua Historicae Philippicae, diz que Moisés não era egípcio, mas filho de José, muito embora o culto que ele tenha instituído em Jerusalém seja descrito como “sacra Aegyptia”. Depois de terem roubado os tesouros sagrados dos templos egípcios, Moisés e seus seguidores saíram do Egito, com o exército do faraó no seu encalço. Porém, os egípcios foram obrigados a voltar devido a tempestades terríveis. Entretanto, o motivo para o êxodo do Egito é uma vez mais uma epidemia, que nessa ocasião se descreve com maiores detalhes:


Mas quando os egípcios foram expostos à sarna e à uma infecção de pele, e alertados por um oráculo, expulsaram [Moisés] juntamente com os doentes para além das fronteiras do Egito, para que a doença não se espalhasse para um número maior de pessoas[...] E como ele se lembrasse de que haviam sido expulsos do Egito devido ao medo do contágio, trataram de não conviver com estranhos, para não se tornarem odiados pelos nativos das terras por onde andavam pelo mesmo motivo. Essa regra, que surgiu de uma causa específica, ele transformou gradativamente em um costume e uma religião estabelecida.




 Scota, A Filha do Faraó


 De acordo com Rober Grosseteste, (por volta de 1175-1253),


No passado distante, Scota, a filha do faraó, abandonou o Egito com o marido Gayel e um séquito numeroso. Eles tinham ouvido falar das desgraças que ocorreriam no Egito, e seguindo instruções ou oráculos dos deuses, fugiram de certas pestes que deviam se desencadear. Depois de navegar dessa forma pelos mares durante muitos dias, bastante transtornados, finalmente conseguiram aportar em certa praia devido ao mau tempo.


 Essa praia era a Espanha, onde Gaythelos e Scota construíram uma cidadela chamada Brigância, às margens do rio Ebro, no meio da qual se via uma enorme torre cercada por profundos fossos. Uma geração ou pouco mais depois, dois filhos de Scota, Hiber e Himec, partiram para Hibérnia, ou seja, a Irlanda. Os habitantes que encontraram lá foram mortos ou escravizados, e depois deram ao lugar o nome de Scota em homenagem à mãe. Curiosamente, dizem que Scota trouxe consigo do Egito o “sedile regium”, a Pedra Scone, usada nas coroações reais, que Eduardo I levou para Londres (e devolveu em 1996 ao Castelo de Edimburgo, onde está até hoje). De referências como essa, podemos ter certeza de que a história não é apenas invenção medieval, mas uma lenda muito mais antiga, baseada em alguma espécie de reminiscência histórica distorcida de eventos reais.




 Um País Amaldiçoado


 Pode-se encontrar indícios importantes da presença da peste em várias das centenas de cartas de Amarna escritas por reis vassalos de Amenófis III, Aquenaton e Smenkhkare durante seus reinados. Um tablete desses parece insinuar que a rainha Tiye, a própria mãe de Aquenaton, foi vítima da peste também. É possível que o relato no livro do Êxodo sobre a morte do primogênito de todos os egípcios na noite da Páscoa, imediatamente depois do êxodo, tenha sido de certa maneira influenciado por essa peste bastante real, que estava dizimando o Egito e o Oriente Próximo na época. Teria o povo egípcio durante a era de Amarna chegado a crer que a peste era alguma espécie de retribuição divina, causada pelo fato de que os deuses depostos do velho panteão não estavam sendo aplacados por oferendas e sacrifícios adequados? Não teria alguém insinuado que, para aplacar os deuses furiosos, todos os sacerdotes “impuros” e seguidores de Aton, bem como os colonos asiáticos ou “estrangeiros”, que deviam estar espalhando a doença, fossem reunidos e presos ou expulsos do Egito? Desconfiando do que podia ocorrer, não teriam muitas dessas pessoas, tanto egípcias quanto de origem asiáticas, resolvido sair do Egito, por sua própria vontade, fugindo para a Síria -Palestina, onde finalmente se integraram com os povos nativos? Será que depois uniram-se a eles os que conseguiram fugir de Sile, a moderna Qantara, fortaleza situada na fronteira entre o Delta Oriental e o Sinai, onde criminosos e inimigos do rei ficaram escravizados durante o reinado de Horemheb? Ele pode ser identificado como Orus, ou Or, na história que Manetho conta sobre Osarsiph-Moisés, e é provável que tenha sido o responsável por pelo menos alguns dos atos atribuídos a Amenófis na narrativa do êxodo.


 Em outras palavras, pelo menos uma porcentagem dos eventos que Manetho descreve realmente ocorreu durante o reinado de Horemheb, e não durante o de seu antecessor Amenhotep III, ou Amenófis III. Isso fez dele a mais provável opção como o verdadeiro Faraó do Êxodo (que até mesmo faz lembrar o da opressão), que começou mais provavelmente vários anos antes, quando ele se tornou comandante do exército egípcio no início do reinado de Tutancâmon.


 Seriam essas as verdadeiras raízes do êxodo? Tudo leva a essa extraordinária conclusão. Precisamos agora ultrapassar as fronteiras do Egito e penetrar no deserto do Sinai em busca do itinerário seguido pelo povo do Êxodo, e buscar as origens de Yahweh, o deus dos israelitas.


Parte I c: O messias egípcio; e o fim do faraó monoteísta
Parte II a: As primeiras tribos adoradoras de “Deus”  

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