quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"Sonhos" de uma noite de inverno

 Desço na rodoviária da cidade, o tempo não parece muito bom, um pouco de garoa e uma brisa fria. Faz tempo que não venho à praia, tudo bem que não deve ser tão divertida com esse inverno e sozinho, mas a solidão e o frio eu posso resolver fácil com a necessária quantidade de bebida. Sigo pela estrada que vai até o centro, onde mais à noite terá alguns shows. Nada muito empolgante, mas é alguma coisa. Vou para o mercadinho mais próximo e compro uma garrafa de gim barato, abro e dou um trago. As ruas ainda estão vazias, exceto pelo espaço coberto onde acontecerão os shows, que no momento está repleto de senhoras de meia idade jogando bingo, e crianças correndo até serem bruscamente paradas por agarrões firmes em seus cabelos por seus pais. Anjinhos. Vou em direção à praia, passo por lojas, lanchonetes e barzinhos fechados, uma caminhada de uns quinze minutos. A garoa pára, chego à praia, vou caminhando pela areia até chegar a uma formação rochosa com a qual o mar se choca, sento e fico bebendo enquanto vejo as ondas se quebrarem. Estou com um pouco de sono, deito sobre as pedras, o vento diminui. Algumas pessoas passam por mim, sem dar muita atenção, parece uma família de turistas aproveitando sua casa de praia, ou sem muito dinheiro pra ir pra um lugar mais quente.


 Desperto, pego meu celular para ver as horas: 17h17min. Ainda tenho dois terços da garrafa cheios, me levanto e vou para um barzinho pelo qual passei antes e estava aberto, onde a porção de batatas fritas parecia grande, barata e calórica, perfeita para me preparar para o resto da noite. No bar, como as fritas e observo o movimento aumentando na rua, viro um martelinho de cachaça e em seguida um copo de chope. Pronto! Vamos à “festa”. A música já começou a tocar, não sei como defini-la com certeza, é algo entre sertanejo, pop, e funk carioca. Agora a música esta lenta, um pouco a frente há três policiais encostados em uma viatura. Um jovem caminha na direção deles, um pouco atrás uma garota o filma com um celular. Ele está a um passo dos policiais, quando a música muda de ritmo para uma batida funk, o rapaz começa a dançar, rebolando e mexendo os braços ao ritmo da batida enquanto vai descendo até o chão. A música volta ao ritmo lento e ele se levanta, com um ar calmo dá as costas aos guardas e caminha em direção a uma pequena rua ao lado da viatura. Um dos policiais tira seu cassetete e tenta golpear o “dançarino”, este ao perceber a movimentação corre e escapa do golpe, mas em seguida o policial acerta um chute de raspão no pé do fugitivo, que cambaleia e vai correndo tentando recobrar o equilíbrio. Um dos outros policiais corre em “auxilio” do colega, quando os dois primeiros adentram a pequena rua a última coisa que vejo é o cassetete acertando as costas do rapaz, que se retorce e desaparece com os guardas a lhe seguir. A garota que filmava tudo acompanhou a ação a uma distância segura, os dois policiais voltam do beco, parecendo ter perdido sua presa, vêem a garota que ainda os filma, esta se vira e corre em direção ao espaço coberto, agora já lotado de todo tipo de pessoas. Provavelmente esse vídeo terá uma boa quantidade de acessos na internet.


 Encosto-me em um canto, longe do palco e sem tanto tumulto, não é o tipo de música que eu faço questão de ouvir, na realidade dificilmente eu estaria aqui se não estivesse acompanhado. Tomo mais um gole de minha companhia. Noto que uma garota olha bastante para mim, está sozinha, estico a garrafa em sua direção, num gesto para oferecer-lhe. Para minha surpresa ela vem até mim, pega a garrafa e da um longo gole. Amor à primeira vista! Ou mais ou menos isso. Não fiquei surpreendido pela atitude em si, mas sim pela pessoa que aceitou minha gentileza. Traços delicados, cabelo cuidado, maquiagem bem feita, mini-saia roxa com uma meia-calça grossa por baixo, ar agradável. Gostei.
- Ola. Não achei que você fosse aceitar o gole.
- Porque não? Meninas não podem beber?
- Podem. Mas não achei que você era dessas que bebem gim puro direto da garrafa rs.
- Você sempre julga as pessoas pela aparência?
- Nunca. Por isso te ofereci :).
- Você não parece o tipo de pessoa que gosta dessas músicas.
- É. Não gosto. Você quer ficar vendo as bandas?
- Não. Vamos dar uma volta.
- Qual o seu nome?
- Natalia. E o seu?
- Billy
Conversamos até chegar ao atracadouro, pouca luz, poucas pessoas passeando por ali. Eu a seguro e a beijo. Ela corresponde. Seguro sua nuca com firmeza, vou escorregando a mão por suas costas, quando minha mão chega próxima de sua bunda ela a pega e sobe um pouco, para sua cintura. Sentamos em um banco e terminamos a garrafa enquanto nos conhecemos melhor. Ela está sozinha na cidade, esperando duas amigas que chegam no dia seguinte, está hospedada na casa de uma delas. Fico olhando seus olhos, há algo muito singular em sua beleza, me aproximo e beijo novamente. Minha mão segura uma de suas coxas, vou subindo vagarosamente até passar do limite da sua saia. Ela me pára mais uma vez.
- Calma. Acho que era bom eu te contar uma coisa.
Ela levanta e caminha até uma parede próxima, eu a sigo, Ela se encosta.
- Teu namorado ta por aí.
- Não tenho namorado. Você vai embora quando?
- Amanha de manhã.
- Então é melhor eu falar agora mesmo. É que eu não sou o tipo de mulher que você ta pensando.
- Como assim? Você é uma garota de programa? Tudo bem por mim rs.
- Não. Na verdade eu não sou totalmente uma mulher.
- Tá me zoando né?!
- É sério.
Eu agarro sua coxa com força, ela está cabisbaixa e não se move, subo minha mão até sua virilha e ela continua inerte. Então sinto uma sensação nada agradável: um considerável “volume” entre suas pernas.
- Filha da puta!
Agarro seu pescoço e a forço contra a parede.
- O que que você tá pensando?! Se eu gostasse de homem eu teria procurado um!
Enquanto seguro seu pescoço com a mão esquerda, levanto a direita, pronta para acertar-lhe um soco, estou possesso e ela está ciente da cólera em meus olhos, começa a choramingar
- Eu devia te socar! Ou te dar uns tapas!... ou...
Olho pra ela, agora com mais frustração do que raiva.
... um puxão de cabelo... ou alguma coisa assim...
Empurro sua cabeça contra a parede e a largo.
- Vo sair fora. Fica longe de mim.
Viro-me, dou um passo, paro e olho para ela mais uma vez.
- Quantos centímetros o teu tem?
- Quatorze.
- Hum... Pelo menos isso... O meu é maior.
Viro-me novamente e saio, sem olhar para trás, frustrado, mas me sentido um pouco menos ridículo.

3 comentários:

  1. Pois é, as agruras metafísicas e morais de apalpar uma rola alheia... Nenhum homem de verdade quer este tipo de experiência e teu texto consegue passar exatamente a sensação a quem não a experimentou. Parabéns!

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  2. huahuahuahua mas isso foi apenas um exercício de imaginaçao, nunca apalpei uma rola alheia rs mas no fim, qual a diferença em socar ou não o transexual depois de tudo apalpado? o personagem é hétero e o suficiente para apenas ficar puto da cara e sair fora. quantas coisas desnecessárias fazemos por puro capricho...

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  3. mas se for parar pra pensar todo homemem é meio gay levando em conta que quase tds tem o desejo de fazer sexo anal kkkkkkkkk

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