terça-feira, 31 de maio de 2011

Como conhecer alguém de verdade

 - Você conhece bem o Billy, né?
 - Sim. Há muito tempo.
 - Quem é o Billy de verdade?
 - Ele é como uma máscara, mas não para iludir. Pelo menos não com o intuito de se aproveitar e parecer o que não é. É a porção mais dura de um rosto. É a máscara para a proteção. É quem aguenta as pancadas.
 - E quem ele mascara?
 - A Vontade, o desejo. Ela é quem manda. E faz o que quer, como quer e no momento em que quer. É impulsiva, quase, quase sem freios. É quem sai à noite, é a sede, é quem se embriaga, é a paixão, é o olhar lascivo. Billy é quem não sente. É a superficialidade, a armadura, o elmo. Ele é quem vai à frente, é as pernas em movimento, é a garganta sendo molhada, é a embriaguês, é a volúpia, é a língua.
 - Mas por que a Vontade precisa ser protegida? Se ela é a sequência de ações, o dinamismo, o agora? Por que proteger o que é inconsequente?
 - Porque é a segunda camada apenas. Percebe os cortes e vê o sangue escorrer. Sabe que a perna está quebrada e se a fratura está exposta.
 - Quem realmente sente?
 - A parte mais vulnerável. Que fica mais tempo escondida, não por fraqueza – sua força na verdade é a mais contundente -, mas por sua falta de resistência. É a parte mais bondosa e ao mesmo tempo a mais maldosa. É a vontade de proteger os outros, o altruísmo. E isso a torna ingênua - que é uma forma elegante de chamar alguém de tolo, ignorante. E a maldade reside na ignorância. A própria ignorância é a maldade em uma forma pura e bruta. E essa parte, que pode talhar mais forte, é também quem realmente sente os cortes. É quem admira o frio noturno, é quem dá de beber, é quem fica vendo tudo girar por detrás das janelas, é o amor, é a empatia.
 - Então Billy é oco?
 - Não. Ele apenas protege, ou tenta - da maneira que melhor pode – proteger seu conteúdo. Ele dá com a cara no meio-fio, levanta com a testa aberta, leva à boca a garrafa de pinga que não deixou cair, dá uns goles e vai em frente, para onde a Vontade o levar. Ele é a parte lapidada da alma. Ou melhor, é a não-alma. É a casca dura da barata mais resistente. É quem sobrevive depois que tudo morreu.
 - Mas como assim? Ele não deveria ser a proteção? Impedir os ferimentos e a morte?
 - Sim. Mas tem suas falhas de defesa. Na realidade, a Vontade, em alguns momentos, afasta Billy. E a parte mais fraca e mais forte, vê e permite ser vista fora das janelas. E é aí que algumas vezes ela morre. A Vontade morre menos, segue mancando e moribunda até se recuperar, enquanto a parte que realmente sente não volta à vida. E nessas horas, Billy não pára. Está lá, com um sorriso sarcástico no rosto, uma garrafa de bebida em uma mão, e uma mulher na outra. Atirado em algum canto, e seguindo em frente, para a próxima garrafa. Para a próxima oportunidade de morrer.
 - Ele vai agüentar pra sempre?
 - Acho que o suficiente.
 - Para que?
 - Para a Vontade se acalmar. Quando ele não precisar impedi-la de se matar. Quando o Tolo provar que sua loucura não é tolice. Que é apenas uma ótica que não conseguiu provar empiricamente sua eficiência. Se ela existir, o tempo suficiente para a paz. Billy é quem você conhece quando você sabe o que ele não é.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Pode contar comigo! ¬¬

 Ah! A amizade! Que nobre é o sentimento de fraternidade! Que nobre é doar-se! Seu tempo, seu espaço, sua alma. E sem esperar nada em troca. Talvez, no máximo, reciprocidade. Não! Não espere coisa alguma. Ninguém lhe deve nada. Nem consideração. Espere ser procurado quando você for necessário para alguém. Espere encontrar costas viradas em sua direção, sem nem saber o motivo. Porque talvez nem tenha um motivo. Talvez você apenas tenha deixado de ser necessário. E o que mais esperar nesse mundo pragmático, capitalista, onde tudo, TUDO é descartável.
 Quase todo mundo tem aquele ombro no qual se apoiar, daquela pessoa que seu ombro também já apoiou tantas vezes. Que vai estar sempre ali pra segurar suas mãos quando elas estiverem a ponto de cortar seus próprios pulsos. Não! Hoje você está aqui, com seu peito aberto pra acolher todas as mágoas e dores. Amanhã você pode estar completamente sozinho - obviamente vou me abster de qualquer comentário de cunho religioso. E conte com isso, pois o mundo é repleto de certezas que são derrubadas todos os dias. Sua amiga, amigo, irmão, pai, filho, esposa... Palavras apenas. A verdade é que você nasce sozinho – mesmo os gêmeos siameses têm consciência independente -, morre sozinho e se pensar bem, vive sozinho. Se há algo que você pode contar que nunca vai te abandonar, é só o que há dentro de você. Engano-me. Nem isso. Algumas vezes você também abandona a si mesmo. E aí como se pode pensar em esperar uma atitude diferente de outra pessoa? Acredite no abandono. Não que ele acontece a todo o momento. Mas saiba que ele sempre vai estar ali, acompanhando, espreitando, sorrindo por cima de seu ombro amigo.
 Então não existe amizade? Existe. E é tão certa e inabalável quanto qualquer outro aspecto da vida. E o certo, é que você deve fortalecer muito suas pernas, porque amanhã pode ser que você dependa unicamente delas pra te sustentar, e como apoio nada além do seu próprio ombro. Também fortaleça sua mente, ou ao menos esteja preparado para o que pode vir. Não se trata de esperar o pior – acredite, sou um otimista -, mas sim de estar preparado. Isso te livra da decepção? Não. Mas pelo menos você já tem uma idéia do tamanho das feridas que terá de tratar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Videogame - Vilão ou Herói?

(Trecho da monografia VIDEOGAME ARTE: UMA ABORDAGEM ARTÍSTICO-CRÍTICA SOBRE OS VIDEOGAMES, de Willian Polli sob orientação do profº Hugo Mengarelli)

 O videogame como visto anteriormente, surgiu como forma de entretenimento entre alguns jovens ligados à área tecnológica. Em pouquíssimo tempo, alcançou a população em geral e tornou-se uma mídia de massa32. Provavelmente por sua divulgação quase totalmente voltada ao público infantil no seu surgimento, passou muito tempo sendo visto como divertimento para crianças, visão ainda compartilhada por muitas pessoas. A indústria dos videogames possui o maior crescimento hoje no mercado de entretenimento, segundo o site http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2006/07/05/idgnoticia.2006-07-05.6400721023/:

O mercado global de videogames deverá atingir receita de 46 bilhões de dólares em 2010, crescimento anual de 11,4% em comparação aos 27 bilhões registrados em 2005, segundo previsão da consultoria PricewaterhouseCoopers no estudo "Visão geral do mercado de entretenimento e mídia: 2006-2010".
Mesmo que não seja possível comparar a receita, a consultoria chama atenção para o maior crescimento do setor frente à divisão de filmes, que deverá aumentar 5,3% anuais e atingir 104 bilhões de dólares em 2010, ou de programas de TV que, com seu crescimento de 6,6% por ano, deverá registrar receita de 227 bilhões de dólares em 2010.

 Ainda assim pessoas insistem em ignorá-la. O videogame reúne aspectos diversos da cultura humana, como cinema, música e literatura. Consequentemente trata de questões sociais, ideológicas, comportamentais, seja em maior ou menor grau. As mídias de massa, em geral, podem contribuir para a manutenção do status quo, em grande parte alienadoras, e o interesse maior é o acúmulo de capital. Mas esta condição está presente também em outras manifestações culturais, como a pintura, literatura, música e qualquer outra manifestação artística. O que não é justificativa suficiente para a exclusão de meios com linguagens próprias, ricos em possibilidades, banalizados por falta de visão crítica ou interesse. Humberto Eco, a mais de 40 anos, já mostrou os equívocos que podem ser cometidos, tanto pelas pessoas que não aceitam de modo algum a inclusão das massas no meio cultural ou a difusão do Cult entre as massas, como os que acreditam que a massificação total é a solução perfeita. Ele mostra de modo bastante crítico algumas dessas possibilidades artísticas relacionadas a algumas HQs33 e livros, bem como aspectos que demonstram apenas a intenção de vender e gerar lucro em outras, em seu livro: apocalípticos e integrados.
 Quanto aos aspectos nocivos do videogame, a grande capacidade de criar um vício: tudo o que causa prazer pode gerar vício. Existem pessoas viciadas em diferentes tipos de prazeres: comida, bebida, música, festas, drogas legais ou não, sexo, TV, livros, etc., nem por isso essas atividades devem ser proibidas ou excluídas de nossas vidas. A grande capacidade de viciar que um videogame possui, talvez se deva principalmente por ser extremamente interativo. Enquanto em um livro a história só continua se a leitura tiver continuidade, no vídeo-game a história só continua se você conseguir fazê-la continuar, além da possibilidade de dirigi-la, chegar a determinado final ou não e de sua dinâmica própria também contribuir para torná-lo muito dinâmico. Mas essas considerações só podem ser feitas a jogos que correspondam a esses quesitos, pois também existem jogos ruins, como em qualquer outro meio de produção cultural. O homem sempre buscou uma fuga da realidade, a apreciação artística até certo ponto, também proporciona essa fuga, assim como o videogame, e de forma bastante eficaz.
 Existe ainda a atribuição ao videogame em influenciar comportamentos nocivos nas pessoas, principalmente os jovens. Esta afirmação normalmente é simplista, ingênua e preconceituosa. Já que essa violência ocorre em casos isolados, deveria se estudar o contexto de tais acontecimentos e os reais motivos por trás dos comportamentos violentos. A acusação de que o videogame incita a violência e ensina a como agredir pode ser contraposta pela teoria da catarse. Ela compreende que o ser humano possui certos impulsos, e que esses podem ter sua energia liberada através da vivência de certas experiências. Sendo assim, o videogame funcionaria como um canalizador de energias de um indivíduo, possibilitando que estas fluam em um espaço determinado, onde não possam causar mal a sociedade, a seus semelhantes. (SÍLBERMAN; LIRA, 2000).
 O jogo sempre esteve presente na cultura humana, e também entre os adultos, independente da etnia, poder econômico ou qualquer outro fator cultural. Sempre foi importante para a sociedade e a interação entre as pessoas. Pode parecer que os jogos on-line afastem as pessoas, mas alguns estudos sugerem que ele melhore os relacionamentos pessoais e aproxime grupos específicos de pessoas (http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3189556-EI8147,00.html). A questão com certeza ainda está longe de ser resolvida, por isso devemos permanecer atentos e não nos deixar levar por especulações sem um olhar crítico.

32 Característica típica dos meios de comunicação de massa é a possibilidade que apresentam de atingir simultaneamente uma vasta audiência, ou, dentro de breve período de tempo, centenas de milhares de ouvintes, de telespectadores, de leitores. (retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Meios_de_comunica%C3%A7%C3%A3o)
33 Historias em quadrinhos

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pena

O riso hipócrita é descaradamente sofrido
O sarcasmo derrotado só deixa seu próprio buraco mais fundo
Mas como otimista, pensei a respeito:

Você escolhe o amor ou ele te escolhe?
Existe realmente o amor?
Ou o que existe é a vontade de amar?

Existe o puro e completo altruísmo?
Não é egoísta o prazer de cuidar de outro ser?
O que move o mundo é o egoísmo?
Ou a luta em negar sua natureza?

Não estamos todos em nossas caixas apertando os botões “corretos”?
Esperando por nossas recompensas?
Ou levando choques para mostrar que pode ser diferente?
Apenas apertando um botão diferente no prazer egoísta de contrariar?

No fim
A verdade talvez seja que estamos mesmo todos sozinhos
Todos os 7 bilhões de nós

terça-feira, 24 de maio de 2011

Retirando o véu

 Enfim o caos! Meu trabalho está feito! Às vezes, você não sente que precisa movimentar as engrenagens da vida? Sim. Acho que todos precisamos sentir que surtimos efeitos no mundo. Bom? Ruim? Questão de percepção quando a intenção é apenas mover as rodas da vida. O importante é fazer. É claro que o objetivo deve ser primariamente construtivo. “De boas intenções o inferno está cheio”. Mas o que vale não é a intenção?rs
 As pessoas tendem a se enganar. Tendem a viver de aparência e mantê-la diante delas mesmas, porque não suportam a verdadeira imagem de seu reflexo no espelho. Gostam de enganar a si mesmas e que outros as ajudem a manter essas mentiras. Procuram constantemente apoio, e os “amigos”, na sua piedade e incapacidade de causar o mal necessário para que se faça o bem, apóiam as ilusões. Eu também devo ter as minhas, mas procuro sempre olhar lá no fundo obscuro da minha alma o que pode haver de pior, porque por melhor que eu seja – ou ache que eu seja – sei o que pode estar lá de verdade. E é muito mais fácil controlar os monstros quando os conhecemos. Como e quando quisermos controlá-los.
 Há um ditado que diz “a maioria das pessoas prefere ser arruinada pelo elogio a ser salva pela crítica”. Mas a crítica gera discórdia, discussão, dúvidas. Quem quer isso? Acho que eu quero. Não vou me acomodar diante de falácias e meias-verdades. Estou certo sempre? Não. E faço questão de saber quando estou errado. Mas seja capaz de me mostrar isso.
 Destruir para renovar. Você costuma dizer o que as pessoas precisam ouvir pra se sentir bem? Deixe-me adivinhar: não está funcionando. Porque você precisa dizer a verdade, cruel e avassaladora – não necessariamente com palavras cruéis, nem sempre. A pessoa talvez continue tentando se enganar, mas a semente da dúvida está plantada e o questionamento é o caminho para o crescimento.
Às vezes, precisamos ouvir o motor funcionando, mesmo em meio ao som de metal retorcendo e cheirando a queimado.
 Mas cuidado: às vezes, pode ser tédio apenas.rs

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Por que tão sério?

Eu sou um agente do caos
O caos me persegue
Só deixo que me leve
E agora
Essa é a direção
Para a qual o vento sopra
Para você!

domingo, 22 de maio de 2011

Planos? Não, mesmo!

    Desço do taxi e olho ao redor. Ele está lá, entre algumas pessoas. Há muitas outras por perto, algumas muito estranhas. Legal... Um lugar estranho cheio de gente estranha. Mas ele está aqui. E tem bebida. Tudo bem então. Perfeito! Não precisa muito mais.
    Aproximo-me, mas não tenho certeza de como cumprimentá-lo. Ele também não parece ter muita certeza. Eu e o Billy não nos conhecemos há muito tempo e saímos três vezes apenas. Damos um beijo no canto da boca. Sou apresentada a algumas pessoas.
    - O que você quer beber?
    - Tanto faz. O que vocês estiverem tomando.
    - Cerveja. Mas eu vou pegar outra coisa. Vodka com refrigerante sabor citrus?
    - Ah, não sei, tanto faz. Pode ser cerveja mesmo.
    - Não. Espere aí que vou pegar pra você.
    Ele sabe que não sou muito fã de cerveja. Ele vai até o balcão enquanto converso um pouco com seus amigos. Nada de mais, conversa trivial. Acho que não querem que eu me sinta muito deslocada. Ele volta com o copo. Bebo. Bebo rápido.
    - Tá bom? Não tá muito forte?
    - Não. Tá bom assim.
    O copo acaba rápido. Acho que estou um pouco nervosa. Ele volta com mais meio copo de vodka pra ser misturado com o refrigerante. Esse também acaba rápido.
    -É, você tava com sede einh rs. Vou pegar mais um. E um só pra mim rs.
    -Eu vou lá com você.
    Vamos ao balcão do bar. Eu peço uma dose de rum sabor maçã. Ele pede mais uma de vodka. O garçom pergunta:
    Bastante gelo?
    - Ele responde:
    - Bastante vodka rs
    - A quantidade de vodka vai ser a mesma
    Ele pergunta ao dono do bar:
    - Não dá pra substituir o gelo por vodka?
    O cara apenas ri. Eu digo:
    - É, não custa perguntar né?rs
    Bebemos, conversamos, nos beijamos. Estou bem alegre. Passo minha mão entre as pernas dele, e ele entre as minhas. Ele fica excitado. As pessoas continuam a nossa volta, mas ninguém parece ligar muito para o que acontece por ali. Pegamos mais uma dose cada um, ou duas. Não tenho certeza. Chega um momento que fica difícil lembrar certos detalhes.
    - Você tá bebendo muito rápido. Vai passar mal.
    - Não. Eu to bem.
    Não estou bem. As coisas já estão girando. Eu me sento na muretinha ao nosso lado. Fico agachada, com a cabeça entre meus joelhos.
    - Tá. Então eu vo no banheiro.
    Ele sai e diz para o amigo dele:
    - Vo no banheiro. Cuida dela. Não deixa ela cair no chão rs.
    Olho para o chão. O chão parece olhar para mim, me chamar. Vomito. Sujo um pouco minha bota.
    Billy volta do banheiro:
    - Oh... Você passou mal rs. Eu disse que você tava bebendo muito rápido. Você tá tentando limpar sua bota com esse guardanapo? Não tá dando muito certo rs. Da onde você arrumou isso?
    - Não sei. Alguém me deu rs.
    Billy senta ao meu lado e fica ali abraçado comigo. Continua bebendo. Conversa um pouco com alguns amigos. Não tenho idéia de quanto tempo passou, mas fico um pouquinho melhor. Não muito, mas o suficiente para acariciá-lo por baixo da sua jaqueta e provocá-lo.
    - Ah, como você é malvada Luana! Sabe que daqui a pouco eu tenho que ir embora rs.
    - Então ta. Aí vamos embora. Cada um pra sua casa rs.
    Mas eu não paro. Estou mal, mas ainda consigo me divertir um pouco.
    - Nossa! Ou você confia muito em mim, ou não se importa muito com coisa alguma. – silêncio – Hum, acho que é a segunda opção mesmo rs. Tá tarde. Preciso ir embora. O que você quer?
    - Ir pra casa
    - Então levanta que eu te levo até o taxi.
    - Não. Espera mais um pouco.
    - Você não prefere ir pra um hotel comigo? Aí você dorme um pouco e quando estiver melhor você vai.
    - Não. Quero i pra casa.
    - Certeza?
    - Não rs.
    - Vem. Vamos pegar um taxi e vamos pro hotel.
    Atravessamos a rua pra chegar ao ponto de taxis. Fui literalmente escorada nele, andando um pouco em ziguezague, porque definitivamente, sóbrio ele também não estava. Ele diz que vai tentar convencer um taxista a me levar, e que ia me apresentar como sua namorada, pra facilitar a conversa.
    - Oi. Minha namorada não tá muito bem. Você podia levar...
    -Não!
     - Mas é aqui pertinho. Ela não ta conseguindo andar direito.
    - Nesse estado não tem como. Se ela vomitar no carro eu não posso mais trabalhar o resto da noite. Tenta com algum outro aí.
    O quarto taxista com quem o Billy conversou parece um pouco disposto a pensar na possibilidade de nos levar.
    - Por que os outros não quiseram levar ela?
    - Eles tão com medo que ela passe mal no carro. Mas ela não vai não. Só não tá muito bem.
    Nisso, ele aponta pra mim. Eu estou em pé, mas com a cabeça agachada entre os joelhos, o cabelo tocando o chão, e balançando um pouco para os lados. A imagem não devia passar exatamente a imagem que o Billy estava tentando passar para o taxista.
    - Luana! De pé! Vai! Cara de boa!rs
    Fico com o corpo ereto, tiro o cabelo do rosto e olho pra frente, pro vazio. O Billy olha pro taxista esperando sua aprovação. Parece um vendedor tentando convencer o cliente de que a mercadoria é confiável. Tanto é que ainda resolveu dar garantia:
    - Olha, é aqui pertinho e eu coloco a blusa dela e a minha jaqueta em volta. Não precisa se preocupar, porque ela não vai vomitar. Se por um acaso acontecer, não vai sujar em nada o carro. Mas ela vai ficar bem sim. Sério mesmo. Né Luana?
    Eu balanço a cabeça afirmativamente. Entramos no taxi. Coloco minha blusa sobre a boca. As janelas do carro estão bem abertas. O percurso não demora 5 minutos. Mas em momentos como esse, como demora. O tempo parece que pára. Parece que não chegamos nunca. Mas chegamos.
    - Viu? Falei que ía dá tudo certo. Ela nem passou mal.
    - É. Eu arrisquei né?
    O taxista vai embora e entramos no hotel. No balcão:
    - Estamos lotados. Tem que aguardar.
    - Quanto tempo?
    - Ah, uma meia hora mais ou menos.
    Vamos para a sala de espera. Tem mais um casal lá. Enquanto esperamos chegam mais três casais. É algo de certa forma constrangedor. Não muito. Mas você, ao lado de várias pessoas, todas esperando liberar um quarto pra que possam fazer sexo, e todas sabendo que estão ali só pra isso, não é uma situação totalmente confortável. Como as pessoas sabiam? Porque era o tipo de hotel que as pessoas vão pra isso, mas não chegava a ser um motel.
    - Ela ta embriagada? Ou só com sono?
    -Hum... Sono.
    - Certeza?
    - É sono
    - Ela não parece muito bem.
    - Tá cansada. É sono sim.
    - Vo precisar do r.g. dela.
    - Cadê teu r.g.?
    - Tá aí na minha bolsa.
    - Mas onde na bolsa.
    - Não sei.
    Eu não sabia de mais nada mesmo. E não fazia a mínima questão de saber. Queria apenas um canto para desmaiar. Ele revira a bolsa. Encontra meu estojo de maquiagem, brincos, preservativos, muitos preservativos, e depois de uns 10 minutos de muita busca, encontra minha carteira. Eu pego a carteira da mão dele e entrego o r.g.
    - Agora que eu achei a carteira não precisava mais de ajuda rs.
    Ele vai ao balcão fazer o check in.
    - Eu preciso do documento dela porque ela não parece muito bem. Uma vez veio um casal aqui, e tiveram que chamar uma ambulância porque a menina passou muito mal. A família dela não sabia do rapaz, não sabia que ela tava aqui. Foi o maior rolo. Aí agente precisa garantir que tá tudo certo.
    Pegamos o elevador. Chegamos ao quarto. Desabo sobre a cama. Ele tira a roupa e deita sobre mim. Tira minha roupa.
    -Nossa! Como você melhorou de repente!
    -Aham!
    Melhorei mesmo. Na verdade, acho que nunca estou ruim pra isso.
    Depois de algum tempo dormimos. Ele se meche um pouco durante a noite, poucas vezes, mas a cada vez meu corpo parece ganhar vida, um sonambulismo sexual. E digo só o corpo mesmo, porque minha consciência estava a anos-luz de distância. Ele se meche novamente e dessa vez acordo. Começo a me empolgar e o puxo pra cima de mim. Fazemos sexo de novo. Olho no relógio: 06h40min.
- Puta que o pariu! Tá certo isso?!
- Acho que tá. Meu celular tá despertando.
Eu não posso chegar em casa tarde - ou no caso cedo- assim. O mais tarde que costumo chegar é umas 2h da manha.
    - To fudida!
    - Sim huahuahuahuahua. Isso nunca aconteceu antes?
    - Não.
    - Hum, eu costumo ouvir bastante isso. Estranho rs.
    Descemos e chamo um taxi. O taxi demora uns 10min. Nesse tempo, Billy me conta sobre detalhes da noite anterior que eu não lembrava completamente. O taxi chega, nos despedimos e vou pra casa. Penso: “por favor! tem que dar tempo de eu chegar em casa antes que alguém acorde”. O taxi pára, saio, olho pra casa e a janela se abre:
    - Nossa! Acordou cedo pra ir comprar pão?
    Pois é... Quase deu certo rs. Nada como uma noite com muita bebida e sexo seguida de um pouco de adrenalina pela manhã pra começar bem o dia.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O último cheiro de uma noite

 Depois de uns vinte minutos chegamos ao bar. Sei quanto tempo demorou pela experiência no trajeto, porque não me lembro de nada o que aconteceu enquanto caminhamos, nem de quantas caipirinhas, cervejas e o que mais quer que tenha passado por nossas mãos na festa em que estávamos havia alguns minutos. O que lembro, é que estava sentado à mesa, a Leni à minha frente. Pedimos uma cerveja. A mais barata como sempre.
 - Piá! Vamo pegá uma parada.
 - Ta afim de outra?
 - Sim.
 - Mas agora acho que não vai ter. Já são umas 03h30min.
 - Eu guardei um pouco da outra na minha bolsa. Eu achei que talvez fosse dá vontade mais tarde.
 - Sério?! Então passa aqui.
 É incrível como a mente de um bêbado funciona. Ela pensou que um pouquinho de pó que havia sobrado, poderia ser guardado solto em sua bolsa, e depois bastava pegar, sabe-se lá como. A mente ébria é muito pragmática: “Preocupe-se com o depois, depois”. Apesar de que sóbrios muitos de nós também somos assim. Talvez a bebida só torne a preocupação ainda mais imediata, ou melhor, tira a preocupação de seja lá o que for. A falta de preocupação é bem fácil de notar nesse caso pela minha próxima atitude: virei a bolsa dela sobre a mesa e comecei a bater e agitar para juntar o que conseguisse. Nisso, chega o garçom com a cerveja, olha para nós dois. Eu fico meio debruçado sobre a mesa tentando parecer natural - algo difícil se você estiver imaginando a cena como estou tentando descrever-, ele deixa a cerveja e sai.
 Arrumo duas carreirinhas. Cheiramos. Sinto o pó passando pelas narinas e uma parte chegando até a garganta. Gosto um pouco amargo, não muito. A língua amortece. Logo vem a sensação de bem estar, empolgação, mente e corpo a mil! O bar estava com um bom número de pessoas. Estávamos em uma mesa mais ao fundo, mas ainda assim, com um bom número de pessoas em volta, em um bar que não era muito grande. E isso foi algo que só depois passamos a avaliar.
 - Será que alguém percebeu algo?
 - Ah, não sei. Só porque você estava batendo na minha bolsa e espalhando tudo em cima da mesa na frente do garçom e depois agente cheirou aqui mesmo?
 Demos muitas gargalhadas. Bebemos mais um pouco e fomos embora. Até que foi uma noite agradável. Sim. Foi.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Animais: Se você ama uns, por que come outros? (Imaginei algumas respostas)


R: A sociedade é muito puritana para certos níveis de promiscuidade.
R: Eu não como tudo o que amo, nem amo tudo o que como.
R: Na china, por exemplo, não é bem assim.
R: Amo???
R: Isso aí! O negocio é comer geral.
R: Na verdade eu não curto zoofilia.
R: Meu amor e meu paladar não estão tão intimamente ligados.

Pensou em mais alguma? rs

Shitman (parodiando Sandman)

Escondo-me à sombra da tua bunda nua
Vou até o fundo da tua mente desperta
Você ouvindo, ou não, eu penso, falo
Mesmo que seja entre suas pernas abertas

Cachaça, vodka, conhaque, rabo-de-galo
Até cerveja às vezes desce bem
Pra me sentir vivo e de pescoço livre,
Enveneno-me até que ameaço num vai-e-vem

Avalio bem as consequências de meus atos
Após vomitar minh`alma, aberta e exposta no chão
E me ver naquele reflexo na companhia da podridão

Para espantar teu calor, não fique acanhado
Ligue o ventilador, que eu atiro a merda
Eu sou a sombra que oculta e a luz que cega

Sandman

Eu sou a sombra que oculta e a luz que cega
Tenho à mão a faca cega que sangra fácil
Com essa mão trêmula que deixa tácito
O antagonismo que em mim perpétua

Gosto dos venenos de sabor simples
Do sabor das sensações mais complexas
Das noites nas ruas movimentadas e estas
Outras tranquilas, repletas de sentidos ímpares

Por tortas ruas e escuros redutos por vezes rastejo
Por vezes as luzes e sons me trazem a alegria
É óbvio o paradoxo que nestes versos queria

Mas não me importa a obviedade com que aproveito
Essa descrição curta de musicalidade certa:
Sou a sombra que oculta e a luz que cega

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O cavalheirismo do cafajeste; a canalhice do homem sincero

  Você já parou pra pensar que o cafajeste é o verdadeiro cavalheiro? E aquele cara sincero que sempre te diz toda a verdade é um canalha? Provavelmente essa troca de valores não seja proposital, mas na prática é mais ou menos isso o que acontece mesmo. Explico: o cafajeste mente o quanto achar necessário para manter a aparência que quiser ou alcançar seus objetivos. Nesse processo, relacionando-se com mulheres, faz com que cada uma se sinta especial, única, independente de quantas mulheres tenha. A mulher sofre, fica insegura, porque sabe que o cara é cafajeste. Lá no fundo sabe. Mas ao mesmo tempo acredita que deve ser paranoia, porque ele é super atencioso, a faz sentir tão bem e não teria coragem de brincar com os sentimentos alheios. Mesmo quando ele deixa transparecer que não tem um relacionamento sério, e que há outras mulheres em sua vida, ele diz o que cada uma quer e precisa ouvir para que sinta que com ela vai ser diferente.
  O homem sincero? No máximo omite e se você lhe perguntar se ele omite algo, te responderá que sim. Caso tenha outras mulheres, não esconderá. Deixará claro o que quer ou não de você. Se você for especial, ele dirá que você é. Se você for alguém que ele gosta, mas não quer um relacionamento com mais comprometimento, te dirá também. E qual o problema? A mulher se relaciona com ele se quiser, não é? Ninguém a obriga a ficar com alguém. O problema é quando esse homem sincero é um cara legal, gente boa, alguém com quem você quer se relacionar, ou acaba se tornando esse alguém.
  O cafajeste, no egoísmo de ter o que quer, acaba por ser cuidadoso com as outras pessoas. Sua falsidade preserva as mulheres, numa proteção construída com mentiras e ilusões, mas ainda assim, proteção. Parece horrível; e é. Mas quando se descobre as mentiras do cafajeste, a culpa é toda dele. A mulher é a vítima, enganada, usada e tem todo o direito de mostrar a esse homem o desprezo que tem por essa pessoa sem escrúpulos que ele é; e esse homem, culpado dessas mentiras, pode até continuar tentando mentir mais e mais, mas será sempre o vilão e a mulher levada pelas mentiras (ou que se deixa levar) será sempre a vítima.
  A sinceridade é uma virtude, mas uma virtude cruel. Ela retira o peso da responsabilidade. O homem que usa da sinceridade deixa com a mulher a decisão de continuar ou não, seja no tipo de relacionamento que for. Se ela decide, a culpa pelas consequências é dela, risco conhecido e assumido. Percebe a canalhice? A mulher não pode acusá-lo de mentir ou enganar. Ela não é vítima. É conivente. Deu certo? Que bom pra você :) Não deu? Paciência :/ A sinceridade, na tentativa de precaver o próximo, protege na verdade esse homem sincero.
  O cavalheiro protege a mulher, a deixa confortável, auxilia, assume riscos para protegê-la. E isso é o que o cafajestismo faz. A sinceridade é cruel. Eu? Pensando em tudo o que escrevi, não sou cavalheiro não. Tento ser o melhor possível. E é isso.

sábado, 14 de maio de 2011

A vingança, algumas vezes, é um prato exótico

-Eu não consigo estabelecer um relacionamento com uma mulher que eu não consiga manter uma conversa no mínimo interessante.
Nisso, a Leni diz:
- Eu não acho importante conversar com a outra pessoa não. Na verdade acho que às vezes eu prefiro é que a pessoa nem converse comigo, mesmo!
Faz-se um breve silêncio e ela completa:
- Vai ver, é por causa do tipo dos caras que eu namorei.
Isso me lembra aquela frase: "Por favor! fica quietinho(a) pra eu gostar mais de você :)"
Enfim:
Eu e o Daniel não pudemos deixar de nos manifestar e dizer que havíamos pensado na mesma coisa. Alguns desses, nós também preferíamos que não falassem.
Eu olho pra Leni, e faço uma cara de indignado:
- Como assim não é importante conversar Leni?! Ou você conversa ou você faz sexo!
Eu estava sendo um pouco extremo, não penso que seja assim de verdade. Você também pode sair pra beber com a outra pessoa. E quem sabe, uma vez ou outra rola um programinha diferente.
Daniel, aos risos:
- Ta vendo Leni?! Por isso que ele é o Billy Transa! huahuahuahua!
- Billy Transa? Que história é essa?
- Ah, uma vez veio pra cá o Cana, amigo meu. Ele chamava o Billy, de Billy Transa. Porque...
Interrompo:
- Porque era uma época que eu estava ficando com algumas meninas, mas nada de absurdo, foi só uma serie de coincidências. Mas aos olhos do cara, que não me conhecia, deve ter parecido que eu era muito pegador, quando na verdade nem era tudo isso. Acho eu.
Daniel:
- Até hoje não me conformo da Pauli ter ficado com o Cana.
- Ah, mas ela tava magoadinha comigo. Foi à época que eu comecei a namorar e não fiquei mais com ela. Aí ela ficou chateada, carente...
- Billy! Não importa cara! Você pode tá se sentindo a pior pessoa do mundo, morrendo de raiva de seja lá quem for, mas você não fica com o Cana! Ela podia ter chegado em um monte de cara diferente e falado: “eu quero dá pra você. Vamos?”. E um monte de cara ía querer. Você simplesmente não fica com o Cana!
Será que era isso que eu gostava nela? A surpresa? Já que me surpreendeu algumas boas vezes. Vezes suficientes. Acho que não. Provavelmente isso era o que eu não gostava nela. Definitivamente a pauli não era muito feliz nas suas “surpresas”.
Leni:
- Uma vez eu também tava com raiva de um carinha e resolvi pegar alguém numa festa pra me sentir vingada. Pois é, não deu certo. Me arrependi um monte, porque o carinha que peguei era tão trash que ainda saí com a cara queimada huahuahuahua!

Um passo após outro

Os pés pareciam calçados em concreto. Deus! Como pesava cada passo! O corpo todo pesava. Os ombros, braços,até as pálpebras. Mas os pés! A caminhada era de dez minutos mais ou menos até o ônibus, e que tortura foi. E tudo conspirava contra a vontade de chegar ao destino. Tudo passava devagar: as nuvens, a grama, os muros, as pessoas, o tempo.
  A força de vontade foi grande. Aguentou toda uma tarde caminhando, fingindo, resolvendo o que era possível resolver. Mas ao final, cedeu a três goles. E que milagrosos goles! Ao final destes, só restava o peso da satisfação. Voltar para casa foi muito mais fácil.
  O dia foi terrível, um dos piores em bastante tempo. Mas jogado na poltrona, agradecendo por ainda estar com boa parte de sua sanidade mais ou menos intacta, um pensamento ainda não saía de sua cabeça: puta que o pariu! Como pesou cada passo!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Dádiva (ressaca moral)

 Uma qualidade? Pernicioso. Um rei Midas agraciado com o toque da degradação. Tudo o que toca torna-se obscuro, triste. Um desânimo de difícil compreensão, um mal estar que ao mesmo tempo é uma agradável companhia. Uma aventura ilógica.
 A pessoa tocada torna-se um pouco daquilo que ele mesmo é. Na verdade há uma troca. Fica um pouco com cada um, porém, a troca é justa? Vale à pena? Tudo vale à pena quando... Quando você não se importa com mais nada. Quando o número de mortos e feridos são apenas números, inexpressivos, para quem arrisca tudo.
 No sangue corre álcool, na saliva ebriedade. Assim fica fácil imaginar o que pode vir de um beijo. Normalmente: “nunca fiz isso antes”, “nunca fiquei assim”, “meu deus! O que aconteceu ontem?!” o suor só pode ser alucinógeno, não há explicação razoável.
 Pelo olhar espalha luxúria, vício e inconsequência. E tudo isso parece atraente. Quem em sã consciência se atrai por isso?! Porque não é um alguém qualquer. Sua mente deve ter potencial, estar à altura da loucura, merecê-la. Talvez aí mesmo esteja a resposta: quem em sã consciência. Deve haver um véu cobrindo de belo o que na realidade é oco e ao mesmo tempo denso como chumbo. Provavelmente da vaidade, um dos melhores pecados. Por si só, é bastante inofensivo, e ainda tem sua elegância, um ótimo pecado.
 E qual a pior parte? Há uma pior? A mais triste é que dói, por si mesmo e pelos outros, mesmo quando espera que o toque degradante torne-se o toque gelado. Mas realmente há dores necessárias, e algumas pessoas praticamente imploram por elas. E por haver bondade em seu coração distorcido, permite a dor. Algumas vezes da posse, outras da perda.
 Até quando? Quando vem Baco? Ou alguém que suporta o toque, e do caos possa fazer que surja renovação?